sábado, janeiro 25, 2014

Até Pequim com o Shane de Norwich, partida #2

Vamos lá que este ainda não é o destino final! (mas só de saber que ia estar umas horas em Pequim fiquei com muita vontade de "espreitar"...vai para a lista!) 
Fui-me deixando para o fim da fila no embarque apenas para observar quem passava. Lá estava o suspeito companheiro de viagem, agora na companhia de um outro! Já são dois, pensei! Até doze ainda faltam 9 (eu também conto!). Estava enganada...
E por me ter deixado para o fim da fila não tinha onde colocar a mochila da cabine! O avião era grande, as pessoas muitas e já estava muita coisa guardada e eu não ia chegar à bagaceira superior! Uma suposta simpática assistente de bordo prontificou-se a fazer de conta que me iria ajudar! Com um sorriso rasgado sugeriu-me que optasse por deixar a mochila mais para a frente em relação ao local onde me iria sentar - sempre era em caminho para quando fosse hora de sair do avião, umas 10h depois daquele momento! Lá fui enquanto olhava para as bagageiras superiores à procura de lugar para a mochila e a pensar comigo própria: "como é que eu vou lá chegar?" Lá surgiu um espaço para colocar a mochila e nesse momento percebi que as assistentes de bordo fazem questão de demonstrar que não estão ali para nos ajudar a colocar mochilas nas bagageiras. Uma outra assistente apontou o lugar e nada mais! E lá me estiquei. Bicos de pés, estica barriga, levanta braços com uma mochila que deveria estar a pesar uns 4 kg (mais coisa, menos coisa), equilibra, desequilibra, tende para trás, abdominal puxa-me para a frente e lá sinto um empurrão vindo não sei bem de onde, que enfia a mochila no seu lugar! Figurinha...
Volto para o meu lugar e fico mesmo sentada entre o suspeito nº 1 e o suspeito nº 2. Coincidências ou talvez não! Trava-se aí a primeira troca de palavras:
- Vais para Phnom Penh, certo? - perguntou o suspeito nº 1, que passaria nesse momento a ser o primeiro companheiro da viagem.
- Sim, respondi. Faço parte do grupo da passagem de ano da Nomad. Claro que já não me lembro se foram exatamente estas as palavras que trocamos, mas foram nesta linha de pensamento.
- Olha esse é o Shane! Fica à vontade com ele. O rapaz é simpático. Travou conversa comigo aqui em Amesterdão. Vai para Pequim.
Ah, ok! Afinal, o 2º suspeito era um companheiro de etapa e não um companheiro de viagem.
- Hello Shane! My name is Tânia.
- Hi Tânia. Pleased to meet you. I'm Shane, from Norwich.
E dei por mim a pensar na criação de canários do meu pai. Não disse nada sobre os canários, porque naquela primeira troca de palavras percebi que Shane teria assunto para toda a viagem! Seriam 9h30 de voo.
E Shane teve mesmo reportório para todo o caminho (no ar não se deve usar a expressão "caminho"). Contou-me como conheceu a sua namorada chinesa, que teria ido estudar para Norwich. Tinha origem numa província da China perto da fronteira com a Coreia do Norte e pertencia a uma família muito tradicional. Como tal, a família não aceitava este namoro. O seu pai dizia mesmo que nem que o Shane aprendesse a falar chinês (e o pai dizia isto por saber da baixa probabilidade de tal acontecer) consentiria o namoro entre os dois. Como o pai da namorada do Shane (não soube o nome dela) pertencia à polícia, a namorada teve que marcar estadia em hotéis fictícios para que ninguém desconfiasse dos encontros entre os dois. Seriam três semanas de férias clandestinas, à revelia da família. Seria uma história de amor, se o próprio Shane não a desacreditasse logo à partida. Não acreditava naquela relação e, segundo ele, o mais provável seria terminar a relação no fim da viagem. Perdi interesse na estória naquele momento.
Mas Shane era figura! Por vezes certificou-se se eu estaria mesmo a dormir...deixaria de estar nesses momentos! Encomendou o menu do comandante. Não sabia que o comandante tinha um menu especial e muito menos que poderia ser encomendado online por 20 euros. Não aprecio este tipo de diferenças entre pessoas. Espreitei curiosa para perceber o que o compunha: sushi e sashimi de entradas, uma carne estufada de prato principal, fruta e doce de sobremesa e um espumante! Eu fiquei bem com o meu jantar, mas não me recordo o que era. O cérebro estava em modo de repouso e só gravou o seria diferente do habitual, ainda que tivesse comido uma refeição chinesa.
Chegados a Pequim, como acontece quando um voo chega a algum lugar, e se calhar um bocadinho mais em voos tão loooonnnggooooooossss estávamos todos ansiosos por sair daquele avião, de esticar as pernas, de tratar da burocracia para a próxima etapa. Mas as portas não abriam. Esperava sem pensar em nada em particular, quando um polícia chinês vem em "contra-maré" avião adentro. Falava falava e só alguns o estariam a entender. O cansaço lentificava-me o raciocínio e prolongava até o tempo de reação à admiração daquele momento. O polícia apontava, falava chinês e queria que alguém lhe desse algo, assim imaginei pelos gestos que fazia. Um sr, que esteve a viagem toda sentado ao lado do meu companheiro de viagem, entregou-lhe o passaporte. O polícia leu o passaporte e gesticulou (falou também mas de nada me valia prestar atenção às palavras) indicando que esse sr o acompanhasse. Não tendo capacidade de perceber o que quer que fosse do que diziam, devo ter acordado nesse momento de tensão dentro do avião e deixei-me atenta à linguagem corporal de ambos. O polícia mostrava bem a autoridade. Era um polícia alto para a média do observado nos chineses, de ombros largos, com voz alta e firme. O sr que o teria de acompanhar ficou nesse momento mais pequeno do que a média dos chineses, baixou a cabeça e senti que desejou que ninguém lhe visse a cara, que estava tão vermelha, que se lhe percebia o calor e o acelerar do coração. O que teria feito? O que lhe ira acontecer?!
Saímos depois nós, rumo à burocracia, mais umas horas de espera até à próxima etapa.

domingo, janeiro 19, 2014

Antes da partida #2, um dia em Schiphol

Entre a partida #1 e a partida #2 há um gap de 7h30 em Schiphol, o aeroporto de Amesterdão.
Cheguei com tanto, tanto sono a Amesterdão! Uns dias antes, acreditava que iria sair para a cidade!...
O que melhor me lembro foi de ter encontrado um oásis. Um espaço de descanso com cadeiras reclináveis (já que as colocaram lá poderiam ter optado por umas que permitissem levantar as pernas!), oliveiras, som de água a cair, passarinhos a cantar. Avistei uma cadeira livre! Fui! Não queria ficar no chão, como já tinha acontecido em Lisboa!
Dormi umas duas horas! No momento não me pareceu muito confortável e o sono não foi muito profundo. Mas hoje, já com uns dias de distância, percebo que foi uma dádiva de descanso!
Entretanto, acordei, telefonei aos que me tinham em cuidados, tomei um pequeno-almoço (era já o segundo) e fui passear!
Passeei por Schiphol e não vi tudo! Muito grande o aeroporto. Só depois de algum passeio é que percebi que estava ainda na "Europa". Ainda não me tinha deslocado para a área dos voos intercontinentais! "Bora lá"! Se a "Europa" é deste tamanho, imagino o "shopping" intercontinental!
Mostrei o passaporte e transpus a barreira!
A área intercontinental era muito mais interessante! A começar, a mistura cultural de pessoas, que nos permite reconsiderar-nos e perceber que existem muitas outras formas de ser, de parecer, de viver! Era uma área muito maior! Poderia ir para um hotel, para uma biblioteca, se preferisse poderia fazer uma massagem, ir a uma enoteca, para não falar da diversidade de compras! Escolhi ir para a "sala"! Fui dormir de novo!
Schiphol tem na área intercontinental umas três salas de estar que são elas próprias um descanso. Parece que estamos em casa, com tapete no chão, um piano de cauda, um espaço para "televisão" que faz um jogo de cromático tranquilizante, vários sofás e cadeiras com formatos anatómicos para uma ou duas pessoas. Umas parecem ovos e ficamos completamente lá dentro, outras são "chaise longues", outras parecem "Ss" mas nós encaixamos nelas na perfeição. Fui para um "S". Dormi mais não sei quanto tempo!
Acordei de novo. Almocei. Passeei. Troquei de roupa como que para me enganar que estava de roupa fresca. Falei de novo com a família, mas a internet já pedia euros!
Rapidamente passaram as 7h30 e estava na hora de entrar para o próximo avião. O Jumbo estava à minha espera! Seriam agora 9h30 até Pequim! Sabia que tinha filmes, tinha o meu livro que ainda não tinha conseguido ler e tinha sonooooooo!

sábado, janeiro 18, 2014

No auto conhecimento vale o ser, o parecer é batota!

A frase é de Margarida Cordo - Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta e Terapeuta Familiar, e foi mencionada no programa Pensamento Cruzado da TSF. Ouvi. Gostei. Registei.

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Partida #1

Deixei o Natal em casa e fui!
Tinha quase 48 horas de viagem pela frente! Tinha livros. Tinha alguma comida (ainda tinha os nutri-pensamentos ativos!). Tinha tempo. Não sabia ainda que ia ter tanto sono. Imaginava um desconforto pior do que o que foi vivido.
A viagem começou de comboio: Porto-Lisboa. Tudo como o previsto! Um soninho ligeiro!
O meio de transporte seguinte foi o metro para o aeroporto. Como o previsto, mas com alguma ansiedade. Não gosto de aventuras tardias no metro! Coisas da minha imaginação!
Chegada ao aeroporto sabia que tinha umas 5 horas de espera até à primeira partida aérea. Tinha livros. Tinha comida. Não tinha vontade de ler. Ainda não tinha fome. Se calhar devia ter sono. Não tinha onde me sentar. Sentei-me no chão. Levantei-me. Mudei de lugar. Escolhi outro chão. Fui à casa de banho tirar roupa porque era verão dentro do aeroporto. Vim para um novo chão. E estive nisto umas 3 horas, entretida a observar as posições em que outros procuravam descanso. Imaginava-me pouco confortável em algumas posições. Lembrava-me da minha lombar. Estava no chão!
O chek in abriu e tratei do assunto para poder "entrar", que é o mesmo que dizer - mudar de lugar por mais uma hora e uns trinta minutos. Uma outra ida ao wc e não estão todas aqui descritas. Fiz várias para passar o tempo. Até refiz um pouco a mala, fazendo algumas trocas entre a mala de porão e a bagagem de mão. Um passeio para entreter. Procurei wifi, mas faz-se luxo ainda por cá. Talvez tenha lido, já não me lembro. E voltei a observar os outros, desta feita sentada numa cadeira e com as pernas apoiadas noutra na lateral. Estava torta! E ainda ouvi aquele que apostava ser o primeiro companheiro de aventura. Deixei-me estar.
Embarcamos e voamos. Já estava com sono! Faço um esforço por respeitar o momento de demonstração das medidas de segurança, mas ultimamente tenho dificuldade em estar atenta a todos os detalhes. Não me lembro. Devo ter adormecido.

terça-feira, janeiro 14, 2014

Absorvida

Há experiências que nos deixam essa sensação de sermos completamente sugados por elas! Em bom, pois claro!
Os estímulos são tantos que nos entram pelos olhos e se misturam em imagens no nosso cérebro, a pele sente o calor húmido e sujo que paira no ar, os paladares são estimulantes na sua diferença que aguçam as papilas e os cheiros, ah os cheiros misturam-se entre as especiarias e a gasolina que sai dos tuc tuc, não esquecendo os sons confusos do trânsito caótico misturados com os risos das crianças que procuram encantar o turista.
Tão absorvida que até o sexto sentido se esmagou perante os outros e só agora, assentando e revivendo tudo o que ficou em mim, o desperto para o reviver de uns dias que foram um verdadeiro STOP no meu calendário pessoal. Quantos de nós desejamos tal?! Felizarda por o ter conquistado!